Cintura

Obesos desenvolvem câncer de próstata mais agressivo

De acordo com especialista americano, a obesidade dilui o PSA no sangue, leva ao aumento do hormônio feminino no corpo (estrogênio), ao aumento da próstata e à dificuldade de se fazer biópsia do órgão, além de aumentar a produção de IGF1  

O urologista americano Stephen Freedland, da Duke Prostate Center, um dos maiores pesquisadores da relação da obesidade com o câncer de próstata apresentou neste domingo, dia  8, no 32º Congresso Brasileiro de Urologia, em Goiânia,  suas últimas descobertas sobre o tema. De acordo com ele, quatro aspectos fundamentais fazem o câncer nesse grupo ser mais agressivo e também dobra as chances de reincidência após a retirada do tumor: a diluição do PSA, o aumento do hormônio feminino no corpo (estrogênio), o aumento da próstata no obeso e a dificuldade de se fazer biopsia do órgão e a produção de IGF1 (substancia que aumenta a incidência dos tumores).

Para Freedland, a obesidade leva à queda de alguns hormônios, como a testosterona, e ao aumento de outros, como o estrogênio, e isso poderia influenciar no aumento da incidência de tumores. “Nos EUA a obesidade é um problema de saúde pública. Cerca de 30% dos adultos são obesos. Sabemos que a obesidade está ligada a cardiopatias, diabetes e outros problemas e agora estamos estudando sua relação com o câncer”, disse. De acordo com ele, os obesos também têm resistência à insulina que é um fator influente para o aumento do risco de câncer de próstata. Diabéticos têm mais tendência a desenvolver tumores devido a produção do IGF1.

Segundo os estudos de Freedland, nos obesos o câncer de próstata tem mais chances de ser mais agressivo e o dobro de chances de haver reincidência após a retirada do tumor.  “Já percebemos também que quanto mais obesa a pessoa é, menor é o seu índice de PSA. Pois conforme o IMC aumenta,  os níveis de PSA diminuem. O obeso tem um volume sanguíneo maior e produz a mesma quantidade de PSA de uma pessoa normal, então, a conclusão a que chegamos é que nos obesos há mais volume de sangue e o PSA fica mais diluído por isso esse resultado mais baixo”, afirmou. Para Freedland, é preciso criar um índice de PSA ajustável ao IMC (índice de massa corpórea). Os médicos hoje em dia já têm indicado biópsia em obesos com PSA de 2ng/ml. Em pessoas normais, a indicação vale a partir de 2,5ng/ml.

Outro dado apresentado pelo renomado urologista americano foi que os homens obesos têm a próstata maior, então é mais difícil diagnosticar um câncer por meio de biópsia. O médico finalizou explicando que tem dedicado grandes esforços nesses estudos para encontrar respostas para essa relação entre a obesidade com os cânceres de próstata mais agressivos e ajudar nos diagnósticos precoces.  O câncer de próstata em obesos é mais agressivo e sua evolução é mais rápida. Por isso, a incidência de mortes entre obesos para câncer de próstata é alta.

 

Nos últimos anos, o paciente com câncer de próstata vem mudando de perfil. Há 20 anos, era mais comum em homens mais velhos, a partir dos 60 anos, hoje em dia a doença tem acometido cada vez mais homens maduros, na faixa de 40 e 50 anos.

Prevenção

Pesquisas apontam que os hábitos alimentares desregrados são uma das prováveis causas do aparecimento da doença em homens mais jovens. Por isso, os médicos recomendam a ingestão de pouca gordura animal, abundante alimentação vegetal (legumes, frutas e verduras), uso de vitaminas A e D, selênio (presente na castanha do Pará) e chá verde (catechinas), além de tomates e vinhos (licopeno). “Essas indicações alimentares são baseadas em estudos sobre a doença. Mas é preciso informar também que ainda não é possível evitar o câncer”.

Homens com casos na família devem iniciar os exames preventivos a partir dos 40 anos. Quem não tem histórico familiar, pode começar aos 45 anos. É bom alertar que apenas a dosagem do PSA não é eficaz na detecção do câncer. A cada dez casos de câncer de próstata, quatro têm o PSA normal, por isso o toque retal é imprescindível.